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Agulhas – Alexandria, prólogo 2: Cabo da Boa Esperança

Gigante Adamastor

8 minutos

Muitas vezes me perguntam qual o meu local predileto na África. Claro que a lista é longa – são muitos lugares especiais, cada um com suas particularidades e lembranças – mas existe um que paira acima de todos. Curiosamente, mesmo após 25 anos de intensas viagens pessoais e profissionais, novas descobertas e muitas transformações, a minha resposta é sempre a mesma. Desde a primeira vez que pisei na África.

Um lugar onde apenas estar presente nos transporta a uma outra dimensão. Onde posso me encontrar novamente com todos os momentos e sensações. Não bastasse a intensa carga histórica das grandes navegações, a beleza poética nos versos de Camões e a singularidade geográfica e natural, a última porção de terra da Península do Cabo – Cape Peninsula – para os meus olhos e meu coração é o lugar mais belo do planeta. Mais que isso: é o centro do universo.

Cape of Good Hope


A reserva do Cabo da Boa Esperança é parte do Table Mountain National Park e uma das atrações mais visitadas da África. Raramente alguém visita Cape Town e deixa de fazer o passeio ao cabo que empresta o nome e fama à cidade, mesmo estando a 70 km do centro.

Evite confundir os cabos: Cape Point é o ponto derradeiro da famosa Cape Peninsula, onde ficam os faróis, tanto o antigo, mais ao alto, como o atual, quase ao nível do mar. Não divide oceanos, embora seja o ponto de encontro de diferentes correntes marítimas e ecossistemas marinhos.

Cape of Good Hope, o Cabo da Boa Esperança, é o cabo vizinho, extremo sudoeste do continente (não custa relembrar, o extremo sul é Cape Agulhas). Aquele mesmo Cabo que um dia já foi das Tormentas, mas graças a Bartolomeu Dias, Vasco da Gama e companheiros, foi promovido a Boa Esperança.

O Cabo da Boa Esperança é separado do Cape Point por uma praia.

Diaz Beach


Sobre a tal praia que separa os dois cabos, embora todos os meus amigos e clientes saibam do fato, esta é a primeira vez que o torno público. O nome oficial da praia é Diaz Beach, justa homenagem ao Bartolomeu, mas ela pertence a mim. Desde 1996 tornei-me seu guardião, limpando toda a sua extensão sempre que a visito, o que ocorre em média quatro vezes por ano.

Gigante Adamastor

Quem concedeu-me o usocapião foi Gigante Adamastor, já um pouco cansado de assoprar. Resolveu terceirizar algumas atividades e manter o foco naquilo que é imbatível: a ventania. Incumbido da missão, cumpre-me manter a praia limpa de qualquer lixo deixado por turistas sem educação ou navios descuidados.

Por não estar sempre presente, deleguei ao South African National Parks a administração da entrada de turistas: tenho enorme satisfação em dividir a minha praia com o mundo. Mas não duvide e não se engane, a praia é minha.


Diaz Beach

Com tudo pronto para a partida rumo a Alexandria, fiz questão de passar por lá mais uma vez, deixando a areia imaculadamente limpa.

Ao pôr do sol, clássico, alguns avestruzes e elands vieram se despedir e desejar boa sorte na travessia.


Agora é pra valer, rumo ao norte.





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Gostou? Este post faz parte do projeto Agulhas – Alexandria, a travessia completa da África do Sul ao Egito, planejada e executada pela Atlantic Connection Travel. Conheça a história completa:
Próximo post: Agulhas – Alexandria, parte 1: África do Sul
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Administrador de empresas (FGV), fundador da Atlantic Connection Travel (1996) e da ACT Afrika Tours & Safaris, operadoras de viagem especializadas em África e Ilhas do Índico, com sedes em São Paulo, Cape Town e Odessa.

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